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Meditação: autocura e transcendência

Por Flávia Maimoni Ribeiro

Em Sikkim, nas montanhas do Himalaia, a uma temperatura de 4,4º C, monges budistas tibetanos altamente versados em uma prática meditativa chamada Tum-mo yoga foram enrolados com pesados cobertores completamente molhados. Três a cinco minutos depois de iniciarem suas práticas meditativas era visível a evaporação da gélida água, e em aproximadamente 45 minutos, a temperatura elevada de seus corpos tinha secado completamente todos os cobertores. Os mesmos monges foram capazes de repetir esta experiência por três vezes seguidas, sem que nenhuma delas tenha sido presenciada qualquer sensação de frio manifestada pelos monges. Estes monges foram conhecidos como “monges secadores de toalha”, por terem a capacidade de aumentar seus metabolismos com a técnica de meditação.

Em 1973, Kothari e sua equipe de cientistas pesquisaram um yogue de 70 anos, conhecido nas ruas da cidade de Udaipur, na Índia, por afirmar conseguir parar o seu coração. Satyamurti aceitou ficar confinado numa cela de 15 metros cúbicos, sendo totalmente monitorado por oito dias, sem comer nem beber, sentado em posição de lótus. No início do experimento seus batimentos cardíacos começaram a aumentar como se Satyamurti estivesse sofrendo uma taquicardia, mas sem que ele sofresse qualquer anormalidade no funcionamento de seu coração. Depois dessa taquicardia, a função cardíaca de Satyamurti foi tão reduzida que os instrumentos eletrocardiográficos não foram sensíveis o suficiente para detectar qualquer padrão elétrico. Supostamente seu “seu coração parou”, ou melhor, seu metabolismo diminuiu tanto que o eletro não conseguiu medir a atividade cardíaca e assim permaneceu por cinco dias.

 
Estes e outros experimentos abriram um leque de possibilidades de investigação a respeito da meditação, seus benefícios e de como o estudo da mente deveria ser mais aprofundado, como nós Ocidentais só estávamos enxergando “a ponta do iceberg” no que se trata de estudar a consciência humana.

Estes estudos, apesar de interessantes, podem assustar a maioria dos aspirantes à meditação ou faze-los desistir simplesmente pelo pensamento: “Ah, eu nunca vou conseguir fazer isto”. Entretanto, mais do que desenvolver habilidades mentais que transcendem a ciência, a meditação tem uma meta bem clara: ser uma via de transformação profunda da consciência, transformação esta que percorre os valores e a espiritualidade do ser humano.

Antes mesmo de definirmos meditação teremos que percorrer o caminho oposto, ou seja, descreveremos o que não é meditação, já que muitas confusões estão presentes no imaginário do senso comum. Alguns mitos que mais aparecem são:

• Meditar significa não pensar em nada. Como podemos pedir para que nossa mente fique em branco durante a meditação? Se eu falar para você agora não pensar em um macaco branco, isso é possível de acontecer? Quanto mais nos esforçamos em travar uma luta contra nossos pensamentos, mais eles dominam a nossa consciência. Existe um estágio no processo de meditação em que os pensamentos cessam, mas é um processo que ocorre em decorrência da prática persistente, do esforço e do desapego.

• Meditar significa fechar os olhos. Se esta fosse uma verdade, em todo momento de sono nós estaríamos meditando. Uma das formas de meditar é fechar os olhos para se reduzir os estímulos sensoriais, mas podemos também meditar caminhando, executando atividades com presença e concentração.

• Só os monges e yoguis conseguem meditar de verdade. Esta é uma crença que dificulta o ingresso de praticantes urbanos que pensam constantemente: “Isso não é para mim, sou muito agitado!”. A meditação é intrínseca à rotina dos monges, mas é possível desenvolver este hábito mesmo com a agenda lotada, filhos, tendência à agitação. Tudo é uma questão de prática e disciplina.

• “Meditar” é o mesmo que “refletir”. Aqui no Ocidente temos este costume de dizer: “Vá e medite sobre o que você fez hoje!”ou “Eu meditei sobre minha relação e conclui que…”. Mas, meditar não é ocupar a mente com pensamentos, reflexões e sim deixá-la livre para que ela possa primeiramente acompanhar seu curso e gradualmente reduzir suas flutuações/distrações.

Mas, afinal, o que é Meditação?
A meditação não é algo que se faça, ela já está pronta. É principalmente um estado de consciência que atingimos quando os cinco sentidos se aquietam, o intelecto gradualmente silencia, o coração assume um estado de paz inabalável e a serenidade mental surge. Este estado vêm e vai e conforme o tempo de prática e a persistência do meditador. Um mestre de yoga indiano chamado Iyengar, produz belamente em suas palavras o que acontece neste estado de meditação:

“Quando a mente alcança a alma e a ela se funde, a alma fica livre, permanecendo daí em diante em paz e em estado de beatitude. Se uma ave é mantida dentro de uma gaiola, não tem possibilidade de se movimentar. No momento em que a gaiola é aberta, a ave sai e ganha a sua liberdade. E o homem alcança a liberdade quando a mente se liberta do cativeiro do corpo e passa a repousar no colo da alma”.

Existem, basicamente, algumas formas de meditar, que variam de técnica a técnica. São elas:

 • Concentração: a mente focaliza em um objeto, som, foco específico até que este domine por completo a mente do meditador.
• Atentividade: A mente observa-se a si mesma em todas as situações (pensando, sentindo, andando, comendo). É desenvolvido um “eu testemunha”.
• Destemor: pratica-se uma certeza destemida e uma confiança profunda de que nada poderá perturbá-lo.
• Compaixão: cultiva-se um intenso sentimento de amor e compaixão por todos os seres vivos.
• Devoção: o meditador tem como foco principal o amor incondicional ao seu mestre, ou à deidade de sua crença religiosa.
• Visualização: o praticante esforça para construir em sua tela mental uma imagem específica e concentrar-se nela.

Todas estas formas, conforme foi visto, têm uma meta em comum, visam à iluminação ou estado de absorção total no infinito. Apesar da meta da meditação estar relacionada diretamente à transcendência, ao meditar nós também adquirimos “de brinde” melhoras no funcionamento físico, mental e emocional. Alguns cientistas que se dedicaram ao estudo da meditação e seus efeitos clínicos/fisiológicos constataram nos praticantes de meditação:
• Melhora no controle da neuroquímica das emoções (sistema límbico);
• Reduções da freqüência cardíaca (quando a prática de meditação não é dinâmica);
• Alterações do fluxo sanguíneo encefálico e da atividade eletroencefalográfica (aumento das ondas ALFA ou BETA durante a meditação);
• Modificações nas concentrações de inúmeras substâncias neurotransmissoras;
• Variações neuronais (hiperpolarização dos neurônios);
• Quedas do consumo de oxigênio e da produção de gás carbônico;
• Reduções da temperatura corporal (exceto em práticas que aceleram o metabolismo, como a dos “monges secadores de toalhas”);
• Aumentos no volume sanguíneo;
• Alterações dos sentidos e das percepções;
• Ativação do córtex pré-frontal esquerdo;
• Melhora do sistema imunológico;
• Desenvolvimento da Inteligência Espiritual, ou seja, da capacidade de manter constantemente os princípios e leis espirituais que regem a vida.

A Meditação também pode contribuir para o autoconhecimento:
• Tornando as pessoas mais conscientes dos seus processos mentais e da maneira inadequada de reagirem aos acontecimentos estressantes;
• Fortalecendo a formação de uma personalidade sadia;
• Trazendo a sensação de “centramento”, ou seja, propiciando melhor contato consigo mesmo e com o campo de relações, fortalecendo a capacidade de autocontrole;
• Aumentando a atenção em relação às interferências externas, permitindo-se não se identificar com as mesmas;
• Auxiliando no tratamento de doenças do pânico, distúrbios de ansiedade, doenças psicossomáticas;
• Facilitando o acesso ao inconsciente, à memórias e sentimentos recalcados;
• Reorientando a mente rumo à estados mais elevados de consciência.

No entanto, apesar da meditação ser uma técnica que amplia e facilita muito o campo de atuação da área da saúde, existem algumas restrições em relação a sua aplicação:
• Em quadros de desordens internas ou mentais (esquizofrenia, fobias, boderline);
• Em quadros de transtornos obssessivo-compulsivos (os indivíduos que têm TOC podem ser muito fechados às experiências novas para tentar a meditação ou, por outro, serem bastante esforçados e conseguirem meditar).
• Em estados emocionais agudos (crises, emergências espirituais);
• Em pessoas que apresentam dificuldade de lidar com o mundo material (lidar com suas obrigações familiares e sociais, apresentam necessidade de fuga, pessoas viciadas em drogas).

Ao iniciar uma prática meditativa é muito importante observar se o tipo de meditação escolhida é adequado a sua personalidade, caso contrário você pode passar por sensações desagradáveis. A busca por profissionais e mestres que atuam na prática com seriedade é fundamental para garantir que sua experiência seja positiva. Segundo Dra. Florence Gaillard, existem alguns indícios de que a prática de meditação está correndo bem. São eles:
• Sensação durável de bem estar;
• Sensação de revitalização;
• Desaparecimento de qualquer sentimento negativo (depressão, medo, sentimento de culpabilidade, inferioridade);
• Profundo sentimento de paz e harmonia;
• Sono mais profundo e reparador após a prática da noite;
• Possibilidade de dormir menos, pois o sono é de melhor qualidade;
• Sonhos mais sadios – a violência, os cenários sexuais tendem a desaparecer;
• Sentimento durável de paz interior;
• Impressão de entender melhor o sentido dos acontecimentos e o objetivo de sua existência;
• Desaparecimento progressivo dos medos e estados depressivos;
• Desenvolvimento da compaixão e da compreensão dos outros, resultando numa diminuição da raiva, da impaciência e dos comportamentos negativos;
• Desenvolvimento gradual do sentimento de felicidade.

Meditar é uma questão de treino. Assim como treinamos nossos músculos para que fiquem firmes e fortes com a prática de exercícios físicos, exercitamos a mente através da prática de meditação. Se você deseja meditar é preciso cuidar de detalhes fundamentais para a prática ocorrer:

• Escolha um local tranqüilo e livre de distrações. De preferência sempre o mesmo local, onde as vibrações da meditação irão se concentrar e facilitar o treino.
 

• Busque uma posição confortável. Geralmente as pessoas meditam sentadas no chão de pernas cruzadas ou na postura de lótus (dorso dos pés apoiados na base das coxas, pernas cruzadas). Se você, de início, se sente desconfortável nestas posições, procure meditar sentado em uma cadeira, sem o apoio das costas no encosto e com a planta dos pés apoiadas no chão.

• Procure escolher um horário para meditar. A meditação realizada no mesmo horário traz disciplina à prática, o que é fundamental para qualquer treino. No início você pode optar por um tempo de permanência menor (cerca de 10 minutos), aumentando gradativamente para 20 a 30 minutos (tempo médio) e 1 a 2 hs (tempo desejável).

Daniel Goleman, autor do livro “Mente Meditativa” traz algumas dicas de meditação que são possíveis de serem realizadas individualmente, pelo aspirante à meditação:
• Meditação sobre a respiração: consciência da respiração. Ao dispersar voltar para este foco.
• Mantra: uma palavra ou som simples que tenha um significado positivo. Repetí-la mentalmente, concentrando-se e evitar dispersões.
• Respiração atentiva: usar as distrações como objeto de meditação. Exemplo: se sua mente se distrair com um som que você ouvir, rotule esta distração de “ouvindo”. Cada vez que tiver rotulado uma distração, trazer a mente de volta à respiração.
• Comer atentivamente: prestar atenção total e cuidadosa a cada aspecto a experiência. Evitar automatismos.
• Andar atentivamente: Tirar o sapato, andar levando sua atenção para o caminhar. Cada intenção também é considerada. Ficar atento às sensações. Ficar presente. Ë melhor começar andando lentamente.

Se você sente que é o momento de iniciar alguma prática meditativa, não deixe para depois. Inicie realizando a prática por pouco tempo, mas diariamente. Levam-se alguns meses para que a construção do hábito seja instaurado, portanto pratique! Não dê vazão aos pensamentos negativos que surgem durante a meditação, apenas identifique-os e os deixe passar. Após algum período de prática já é possível observar os resultados físicos e psicológicos, após mais tempo, a sua relação com a espiritualidade aumenta e finalmente você começa a se encontrar verdadeiramente na prática.

Bibliografia Recomendada
BOGART, M.A. The use of meditation in psychotherapy: a review of literature. American Journal of Psychotherapy, vol. XLV, n. 3, July, 1991.

DANUCALOV, Marcello Árias Dias; SIMÕES, Roberto Serafim. Neurofisiologia da |Meditação: investigações científicas no yoga e nas experiências místico-religiosas: a união entre ciência e espiritualidade – São Paulo: Phorte, 2006.

GAILLARD, Florence. Meditação e saúde. In: Cadernos de Yoga – 6ªed., ano II, 2005.

GHAROTE, Manohar Laxman. (adaptação teórica: Marcos Rojo Rodrigues) Yoga aplicada: da teoria à prática – 2ª ed. São Paulo: Phorte Editora, 2002.

GOLEMAN, Daniel (tradução Marcos Bagno). A Mente Meditativa: as diferentes experiências meditativas no oriente e no ocidente – 5ª ed. São Paulo: Ática, 1997.

IYENGAR, B.K.S. (tradução Marta Silvia Mourão Neto) – A árvore do Ioga: a eterna sabedoria do ioga aplicada à vida diária. 1ª ed. São Paulo: Globo, 2001.

RIBEIRO, Flávia M. Yoga e psique: estabelecendo um diálogo entre os conceitos do yoga e da psicologia moderna ocidental – São Paulo: 2004. 42p. Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista em Yoga. UniFMU – SP.

SHREEVE, James. Estado Espiritual. In: O poder da mente: últimas pesquisas da neurociência explicam nossos sentimentos. – Revista National Geoografhic Brasil – Março/2005.

FLÁVIA MAIMONI RIBEIRO -Como Cuidadora do Ser, busca integrar sua experiência profissional com o Yoga, Ayurveda e Psicologia.  Na Cítara Saúde, dedica-se ao trabalho com Psicologia Ayurvédica e Yogaterapia, buscando facilitar o encontro de cada pessoa com sua verdadeira natureza.

Add comment dezembro 1st, 2010

O perdao – pela visão da Ayurveda e do Yoga

A culpa é um sentimento tão antigo quanto a história da humanidade. Parece que já nascemos com essa “tatuagem” em algum lugar do nosso ser.  No Ayurveda, quem conhece um pouco as famosas constituiçoes energéticas, chamadas doshas (Vata, Pitta e Kapha), pode imaginá-la em diversas situaçoes; um Vata medroso e inseguro diria: por que tive medo e não fiz o que tinha que fazer? Um Pitta, de temperamento “quente”, diria: Por que fiquei tao irritado e não me controlei? E um Kapha, o mais ressentido dos três, cheio de mágoas: por que não consigo esquecer e me perdoar?

Fato é que, com razao ou não, todos nós sentimos e compartilhamos esse sentimento. O “diferencial divino” entre os seres está em como lidamos com isso, na capacidade de compreender e perdoar, quer seja a nós mesmos ou ao outro. Como vemos e processamos os fatos da nossa vida!

Se olharmos para o presente com peso das marcas do passado, utilizamos um filtro viciado, que turva e obscurece nossa visão, e tudo, então, passa pelo condicionamento dessa lente. Passamos a agir e reagir, de uma maneira diferente do que realmente gostaríamos, e a viver uma vida distinta da que sonhamos viver. Deixamos nossos sonhos e o que é pior, adoecemos. Assim iniciam-se uma série de desajustes orgânicos.

 Essa desconformidade entre o que vivemos e o que nosso Eu profundo, nossa alma, anseia viver, é a origem do adoecimento Vata (medos, inseguranças, problemas articulares e neurológicos); do Pitta (cólera, indignaçoes, hepatites, doenças inflamatórias, hipertensão e problemas cardiovasculares); e do Kapha (apego, depressão, edemas, obesidade, problemas metabólicos e diabetes).

Por sermos parecidos por natureza, mas em essência, tão diferentes uns dos outros, estranhamos as ações que não nos fazem sentido. Magoados, brigamos, nos afastamos. Passamos a Viver uma vida separada não apenas dos inimigos, dos aborrecimentos, como também dos amigos, do que nos traz alegria e de nossas crenças. Deixamos de ver o mundo de forma sadia.

Se retirarmos os óculos das experiências negativas, nossos olhos limpos não restringirão sua visão apenas à realidade criada pela mente, mas sim, perceberão a verdade da nossa realidade. Olharemos em essência. Seja justo ou não o que tenha nos acontecido, é possível renovar e reescrever uma nova mensagem.

A proposta do Yoga e do Ayurveda é simples e transformadora: Somos recriados a todo o momento, corpo e mente. Escolher com sabedoria o que nos formará, está em nossas mãos.  Desintoxicá-los e nutri-los com alimentos e hábitos adequados à nossa constituição; viver com o foco em cada ato singular e com a atenção plena no que está acontecendo são os ensinamentos dessa milenar arte de curar.

 A escolha livre de paradigmas do passado reescreve um novo caminho; como diz o texto bíblico, seguir sem olhar para trás!  Isso significa, perdoar. Nossos registros de sofrimento podem ser mudados.

As práticas de meditação e pranayamas ajudam a ampliar e renovar a nossa percepção e consciência. Respirar e relaxar! Respirar é trazer para nosso sangue um novo fluxo de oxigenio, um novo fluxo de pensamentos e de vitalidade. Assim como o ar entra e sai, o que não é mais necessário pode sair e o novo entrar.

Perdoar não apenas deixa-nos livres de doenças e das amarras emocionais do passado, mas traz à vida o perfume e o frescor do tempo presente.

 Maisa Misiara – Médica Homeopata, Ayurveda. Docente do Instituto de Cultura e Escola de Homeopatia, responsável pela Clínica Cítara Saúde.

Add comment outubro 21st, 2010

Perdão – parte 2

 “Abra seu coração, abra seu sentimento, abra seu entendimento, deixe de lado a razão e deixe brilhar o sol escondido em seu interior”.

 A culpa e a dificuldade de perdoar, segundo o Yoga e o Ayurveda, estão diretamente relacionadas ao desequilíbrio do quarto chackra (chamado de Anahata) da nossa antomia sutil. Os chackas são como filtros que nos permitem trocar informações, sentimentos e impressões com o exterior e, por sua vez, recebem as impressões vindas do mundo.

 O quarto chackra, também conhecido como cardíaco governa sutilmente o coração, sistema circulatório, pulmões, ombros e braços, costelas e seios, diafragma e tem sua correspondência bioquímica com a glândula timo.

 Timo vem de tymus, palavra grega que quer dizer energia vital. Esta glândula está bastante ativa na primeira infância e vai gradativamente diminuindo suas funções ao chegar à maturidade. Quando esta glândula está ativa o organismo não envelhece. O timo é um dos pilares de sustentação de nosso sitema imunológico, juntamente com as glândulas adrenais. É extremamente suscetível às emoções como o amor ou o ódio.

 Estudos psicológicos diversos pesquisaram o impacto que nossos relacionamentos têm no sistema imunológico e concluiram que compartilhar sentimentos e situações que nos incomodam podem ter um impacto bastante positivo sobre nossa imunidade. É preciso desenvolver as qualidades positivas do quarto chackra que são amor incondicional e a compaixão. Para que o amor seja despertado, é necessário curarmos as feridas emocionais (mágoas) através do perdão e da liberação do passado e suas influências no presente.

 A prática de Yoga pode ser bem benéfica para iniciarmos um processo de liberação das emoções reprimidas. Algumas sugestões de prática:

 USTRASANA – postura do camelo (Ustra = camelo)

  • Postura:
  1. Ajoelhe-se e fique com joelhos e pés unidos, peitos dos pés apoiados no chão com os dedos relaxados;
  2. Encaixe o quadril, deixe o abdômen firme e a coluna ereta;
  3. Apóie as mãos espalmadas na base da coluna, parte posterior do quadril;
  4. Leve os ombros e cotovelos cada vez mais para trás com a intenção de aproximar os cotovelos;
  5. Mantenha o quadril na mesma linha que os joelhos, não projete o quadril para frente ou para trás, fixando-os;
  6. Ainda com o quadril encaixado, contraia glúteos e abdominal, incline o tronco para trás e aponte seu queixo para cima;
  7. NÃO projete o quadril para frente com a pressão das mãos;
  8. Apóie as duas mãos espalmadas na sola dos pés, abrindo ainda mais o peito, apontando-o para cima;
  9. Caso tenha dificuldade nesta etapa, tente as seguintes alternativas:
  • Afaste um pouco os dois joelhos um do outro;
  • Apóie as mãos nos calcanhares;
  • Apóie as mãos nos calcanhares com os dedos dos pés virados para o chão;
  1. Se ainda for difícil, pule os passos 8 e 9;
  2. Intenção de crescer a coluna e o pescoço para cima e para trás;
  3. Mantenha a postura estável e confortável;
  4. Concentre-se em respirações profundas e tranqüilas (5 a 12 respirações no início);
  5. Finalizando: com a força dos pés e joelhos empurrando o chão, volte o apoio das mãos na base da coluna, leve o tronco na mesma linha que o quadril, voltando para a posição vertical.
  6. Para descansar, leve o quadril na direção dos calcanhares, testa na direção do chão e braços ao longo do corpo.
  • Dicas importantes
  1. Evite esta postura se estiver com problemas intestinais, pressão alta, dor de cabeça ou se for cardíaco;
  2. Fique atento à posição do quadril e das pernas, o mais importante na postura é mantê-los estáticos enquanto a inclinação ocorre somente na parte superior do corpo;
  3. Proteja a sua lombar mantendo o encaixe do quadril a todo o momento;
  4. À medida que inclina o tronco para trás, cresça a coluna. Tanto a parte posterior como a anterior do tronco devem estar alongadas.

Caso sinta desconforto na coluna torácica ou lombar, diminua a inclinação do tronco para trás.

  • Efeitos benéficos da postura:
  1. Diminui a rigidez das costas, ombros e tornozelos, mantendo a coluna flexível e saudável;
  2. Alonga da região anterior dos braços e do corpo;
  3. Fortalece o sistema imunológico;
  4. Abre o coração, mantendo a disponibilidade e a entrega para as relações afetivas.

UJJAYI (Ud = para cima, de nível superior, soprar, expandir, proeminência, poder; Jaia = conquista, vitória, triunfo, sucesso, coerção, restrição) – respiração onde os pulmões são completamente expandidos e o tórax se torna dilatado como o de um orgulhoso conquistador

  • Instruções:
  1. Sente-se confortavelmente em Sukhasana (pernas cruzadas) ou numa cadeira, com a coluna ereta, olhando para frente;
  2. Durante uma expiração prolongada, murmure a palavra haaaaa de forma que esta respiração produza um ruído de leve fricção ao passar pelo palato (entre a boca e a garganta); é um som semelhante ao de embaçar um vidro, ou ainda o som que ouvimos no interior de uma concha.
  3. Experimente fazer com os lábios abertos e quando estiver sentindo a vibração suave do som na pate de trás da garganta, passe a fazer a respiração de lábios fechados.
  4. Sentindo facilidade, experimente produzir o mesmo som ao inspirar.
  5. Complete o ciclo da respiração – inspiração, pausa com o ar nos pulmões e expiração – repetidas vezes. O tempo deve estabelecer uma proporção de 1:2:2, ou seja, se for inspirar em 4 segundos, retenha 8 e exale 8 segundos.
  6. Esta prática deve ter a duração média de 15 minutos.
  7. Observe se o som de sua respiração é seco como o vento e oco e não anasalado.
  8. As narinas devem estar relaxadas (não puxe o ar com força, deixe a respiração acontecer naturalmente).
  9. Algumas pessoas conseguem realizar esta respiração com facilidade, outras levam mais tempo para aprendê-la. No entanto, não desanime. Faça quantas respirações precisar com os lábios abertos até conseguir!
  10. Não faça se estiver com irritações ou inflamações na garganta.
  11. Acalma a mente e os sentidos;
  12. Traz leveza, bem estar e tem efeito energizante;
  13. Promove tranquilidade e, ao mesmo tempo, força para lidar com as adversidades da vida.
  • Dicas importantes:
  • Efeitos benéficos deste pranayama:
  1. Acalma a mente e os sentidos;
  2. Traz leveza, bem estar e tem efeito energizante;
  3. Promove tranquilidade e, ao mesmo tempo, força para lidar com as adversidades da vida.

FLÁVIA MAIMONI RIBEIRO – psicóloga, instrutora de Yogaterapia e Terapeuta Ayurvédica. Busca integrar os conhecimentos da saúde milenar do Yoga e do Ayurveda com a ciência moderna ocidental.

Add comment outubro 21st, 2010


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